Polêmica desenvolvida entre Carl Menger e Gustav Schmoller no final do século XIX, considerada um dos principais debates metodológicos na história da ciência econômica. Teve início com a publicação do livro de Menger sobre o método (1883), que recebeu de Schmoller uma resenha crítica muito desfavorável, a qual foi respondida com a mesma veemência por Menger no ano seguinte (1884), no The Errors of Historicism (Os Erros do Historicismo). Na verdade, as críticas de parte a parte estavam enraizadas em discordância mais profunda, e não apenas em questões metodológicas.
Enquanto Menger acreditava que o comportamento econômico implicava um sistema social constituído por indivíduos movidos por interesses egoístas, Schmoller considerava que os indivíduos formavam grupos, nações, com objetivos e interesses grupais, embora também individuais. O mais importante é que as concepções de Menger resultavam e davam especial ênfase à primazia das políticas liberais (laissez-faire), que deveriam ser as mais abrangentes para permitir o funcionamento dos mecanismos de ajuste e equilíbrio dos mercados. As conclusões de Schmoller iam em direção oposta, supondo a intervenção do Estado por meio de políticas governamentais como as emanadas pelo governo da Alemanha recém unificada.
Como o ministro da Educação em Berlim dava quase exclusiva preferência aos adeptos de Schmoller na indicação de professores universitários, a polêmica incorporou (além das questões do método e da política econômica) também as questões relacionadas com a liberdade acadêmica, pois os ataques de Menger a Schmoller abarcavam toda a comunidade universitária composta, em grande medida, de "partidários" deste último. Sobre a importância da teoria e de estudos empíricos em economia, no entanto, ambos concordavam. As divergências estavam na ênfase que se devia dar a cada instância e no desenvolvimento das conclusões.
Menger argumentava que a economia "pura" poderia ser desenvolvida por meio de análises lógicas cujas conclusões seriam amplamente aplicáveis e, portanto, úteis do ponto de vista prático. Proposições apoiadas em dados empíricos, no entanto, seriam corretas apenas até os limites dos dados em que as proposições se baseassem. Na medida em que os dados empíricos eram sempre parciais e limitados no espaço e no tempo, as conclusões deles emanadas seriam problemáticas e de generalização limitada. Proposições corretas e de aplicação geral poderiam ser desdobradas por meio de rigorosa análise lógica de supostos não limitados no tempo, espaço ou circunstâncias especiais. Para Menger, os dados empíricos atuariam como uma espécie de ponte entre a economia pura (teoria) e as questões de política aplicada à economia, mas advertia que isso só poderia ser feito mediante exaustivos estudos empíricos.
Schmoller também defendia o uso de estudos empíricos e da teoria econômica, mas de acordo com uma combinação diferente. Ele rejeitava o método lógico dedutivo de Menger por três razões: os pressupostos eram irreais, seu elevado nível de abstração tornava a teoria irrelevante para resolver os problemas do mundo real e não continha elementos empíricos. Dessa forma, a teoria seria inútil para esclarecer as principais questões com as quais os economistas se defrontavam: de que maneira se desenvolveram as instituições econômicas do mundo moderno, alcançando seu presente estágio, e quais são as leis e as regularidades que as governam? Para Schmoller, o método mais apropriado era a indução dos princípios gerais por intermédio dos estudos histórico-empíricos.
Veja também Menger, Carl; Método; Schmoller, Gustav. |