McGREGOR, Douglas (1898-1964).

Psicólogo social, foi um dos cientistas do comportamento na administração. Ele é conhecido pela sua obra The Human Side of Enterprise (O Lado Humano do Negócio), onde formulou duas teorias sobre o comportamento humano em relação ao trabalho.

Quando faleceu no início dos anos 60, Douglas McGregor estava preparando uma série de ensaios publicados postumamente com o título The Professional Manager (O administrador profissional). Esperava-se que esse texto fosse uma continuação ou mesmo contivesse aprofundamentos e explicações sobre a obra anterior que se tornou um clássico: The human side of the enterprise (O lado humano da empresa). Contudo, isso não aconteceu, talvez porque o autor não tivesse vivido o bastante para fazê-lo. De qualquer forma, algumas críticas de suas idéias, especialmente sobre o caráter utópico e lírico da teoria Y, ou sobre o maniqueísmo de suas concepções como um todo, não puderam ser respondidas – o que não diminui o valor de suas contribuições para o desenvolvimento da ciência da administração.

Em seu livro mais importante, O lado humano da empresa, de 1957, McGregor examina nas motivações dos dirigentes de uma empresa. O texto foi escrito a partir de uma pesquisa realizada em conjunto com Alez Bavelas, financiada pela Fundação Sloan, sobre as características gerenciais.

Como professor de Administração Industrial do MIT – Massachusets Institute of Technology, McGregor foi desenvolvendo suas teses numa postura crítica às concepções tradicionais ou clássicas de Taylor e Fayol. Segundo ele, o conceito tradicional da tarefa (no campo da administração) pode se apresentar em função de três proposições. E, para evitar as complicações introduzidas por um rótulo qualquer, Mac Gregor denomina esse conjunto de proposições. E, para evitar as complicações introduzidas por um rótulo qualquer, MacGregor denomina esse conjunto de proposições de teoria X. As três proposições da teoria X são as seguintes:

1) A administração é responsável pela organização dos elementos produtivos da empresa – dinheiro, materiais, equipamentos, pessoas para a realização de seus fins econômicos.

2) Com relação às pessoas, administração é o processo de dirigir seus esforços, motivá-las, controlar suas ações e modificar seu comportamento para atender às necessidades da organização.

3) Sem essa intervenção ativa por parte da administração, as pessoas seriam indiferentes ou mesmo hostis às necessidades da organização. Na raiz dessas concepções existiriam diversas crenças menos explícitas, mas largamente difundidas sobre a natureza dos trabalhadores e que se poderiam assim resumir:

i) O cidadão médio tem uma inerente ojeriza pelo trabalho e, se lhe for permitido, não trabalhará.

ii) Ao cidadão comum faltariam ambições, o gosto pela responsabilidade e pela liderança.

iii) O cidadão comum é fundamentalmente egocêntrico e indiferente às necessidades da organização.

iv) Sua própria natureza o leva a resistir às modificações.

v) O cidadão comum é crédulo, não muito brilhante e está sempre disposto a acreditar em charlatães e demagogos.

Assim sendo, as pessoas devem ser coagidas, controladas, dirigidas e ameaçadas com punições para que realizem o esforço necessário para que uma organização alcance seus objetivos. Para McGregor, os dirigentes das empresas se baseavam em proposições e crenças como aquelas.

Conseqüentemente, as estruturas, diretrizes e práticas e seus programas administrativos refletiriam essas suposições. Em contraposição à teoria X, McGregor apresenta uma nova teoria de administração que denomina teoria Y. Como assinala em seu livro The human side of the interprise, “...necessitamos de uma nova teoria a respeito da tarefa de administrar pessoas, baseada em suposições mais adequadas a respeito da natureza humana e da motivação. Serei audacioso a ponto de sugerir as linhas gerais de tal teoria. Podemos chamá-la de teoria Y”.

Os elementos principais da teoria Y são os seguintes:

i) A administração é responsável pela organização dos elementos produtivos da empresa – dinheiro, materiais, equipamentos, pessoas – para que esta atinja seus fins econômicos.

ii) As pessoas não são passivas ou resistentes por natureza às necessidades da organização. Elas tornam-se assim por sua experiência em outras organizações.

iii) A motivação, o potencial de desenvolvimento e a capacidade de assumir responsabilidades e dirigir o comportamento para os objetivos da organização estão todos presentes nas pessoas. É responsabilidade da organização proporcionar condições para que as pessoas reconheçam e desenvolvam, por si próprias, tais características.

iv) A tarefa essencial da administração é criar condições orgânicas e métodos de operação mediante os quais as pessoas possam atingir melhor seus objetivos e orientar seus esforços em direção aos objetivos da organização. Em resumo, para McGregor, a utilização de esforços físicos e mentais pelas pessoas – isto é, sua atividade de trabalho – seria algo tão natural quanto aquilo que acontece num jogo ou num momento de lazer. O cidadão típico não desgosta do trabalho; o controle externo e as ameaças de punição não são as únicas formas de fazer com que as pessoas trabalhem e realizem os objetivos de uma empresa.

Além disso, a recompensa pelo alcance de objetivos não é apenas a ausência de punições, mas a satisfação pessoal (do ego) de cada um por ter alcançado o objetivo ou ter realizado uma tarefa difícil; pois na maioria dos casos as potencialidades do trabalhador médio não estariam sendo exploradas em sua totalidade.

Isto é, a capacidade de desenvolver criativamente as tarefas e a imaginação para resolver problemas organizacionais encontra-se muito mais difundida (embora amortecida) entre as pessoas do que julga a concepção clássica. Para McGregor, a administração se destacaria como um processo de criação de oportunidades, realização de potenciais, remoção de obstáculos e encorajamento ao crescimento pessoal e profissional de cada um e, conseqüentemente, da organização onde se inserem essas pessoas.

Projetando tais concepções da teoria Y sobre a natureza dos trabalhadores para o interior das empresas, McGregor analisa as práticas e normas que é preciso modificar para que possam alcançar seus objetivos com maior facilidade e eficácia. Para ele, as relações entre a gerência de uma empresa e seus empregados são geralmente tensas porque partem das concepções da teoria X. Isto é, se a gerência não controlar os trabalhadores e pressioná-los para trabalhar, eles não trabalharão ou não farão adequadamente. McGregor mostra-se, por exemplo, especialmente preocupado com as avaliações de desempenho.

Esse método transformaria o chefe em juiz, e o resultado seria na maioria das vezes uma apreciação formal e artificial que não refletiria o real desempenho de um funcionário. Em substituição, sugere uma auto-avaliação, feita pelo próprio trabalhador e com seu superior atuando como assistente profissional, uma vez que, segundo a teoria Y, a gerência deve se considerar mais como um elemento de ajuda profissional, de aconselhamento, que um fator de direção.

Devido aos excessos e exageros que posturas polarizadas desse tipo estimularam, e também a algumas concepções ingênuas que permearam tais modelos, as teses de McGregor caíram em desuso durante os anos 70. É inegável, contudo, o valor que representaram e a influência que exerceram em seu tempo sobre a ciência da administração.

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