BINGING.
Durante os Estudos Hawthorne, os pesquisadores identificaram uma prática - o "Binging "- admitida como legítima dentro dos grupos informais tanto como uma brincadeira como para demonstrar descontentamento ou reprovação. Qualquer comportamento que infringisse as regras (informais) estabelecidas pelo grupo ou pela fração dominante deste grupo, estaria sujeita ao "Binging". Como jogo ou brincadeira o " Binging " consistia em que um dos trabalhadores desse um soco com toda a força possível no antebraço de um companheiro. Aquele que recebia o golpe não reclamava, mas ficava subentendido que tinha o direito de devolver o soco em quem lhe havia golpeado. O objetivo aparente desta prática era verificar quem era capaz de dar o soco com mais fôrça. Mas o "Binging" tinha também um caráter punitivo. Se alguém dissesse alguma coisa que ofendesse um companheiro, este utilizava o 'binging" como forma de punir a agressão verbal. A vítima do "binging" poderia reagir dizendo que havia sido golpeado com muita força, e que iria devolver o soco. Roethlisberger e Dickson identificaram um "binging" por que alguém teria dito alguns palavrões e isso não era do agrado de um dos trabalhadores do grupo. Em outra ocasião o "binging " foi utilizado para resolver uma disputa em torno da questão de deixar ou não uma janela aberta. No entanto, do ponto de vista das relações entre os trabalhadores e a gerência, a forma mais interessante e importante de "binging" era a utilizada para regular a produção isto é, para impedir que a mesma ultrapassasse certo limite. Na raiz desse comportamento encontrava-se o receio de que a gerência pudesse elevar o mínimo produzido por unidade de tempo, se os trabalhadores - para ganhar prêmios e bônus - começassem a ultrapassar com freqüência o patamar fixado pela empresa. O grupo se reunia e fixava um máximo de produção que ninguém deveria ultrapassar. O trabalhador que, na tentativa de ganhar mais - individualmente- transgredisse tais "normas" era submetido ao "binging"pelos demais , não sem antes ter sido chamado de "escravo", e nomes de cavalos de corrida (da época) como "Rei da Velocidade" "Relâmpago" "Ciclone" e outros mais depreciativos. Roethlisberger e Dickson reproduzem inclusive um diálogo ( no livro citado) cujo término é uma ameaça lançada contra um trabalhador que estava produzindo "demais": se não parasse de trabalhar imediatamente seria submetido ao "binging". O trabalhador cedeu à ameaça. |