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jan 01 2009

A Crise Econômica e o Beija-Flor

Em visita ao Brasil, Aldous Huxley, admirado, dizia que o beija-flor se apoiava na própria vibração. Se comparecesse à Bolsa de Valores poderia ter a mesma ilusão. Os mercados financeiros também vibram, é certo. Mas, ao contrário dos  pássaros, às vezes perdem o apoio e desmoronam sem piedade. O néctar seca e os vibrantes vôos dos investidores, que eram sólidos, se dissolvem no ar. Assustadas, as flores se fecham. O crédito some. A crise se instala tendo início o salve-se quem puder.

Na realidade, à diferença da natureza que (se o homem não atrapalhar) reencontra seu equilíbrio, os mercados necessitam forças externas para recuperar o animo. Deixados em completa liberdade tendem a crescer mais do que podem – quando se expandem – e a cair mais (e põe mais nisso…) do que devem quando descem a rampa. Especialmente se a regulamentação e a fiscalização afrouxarem, tipo: deixem os especuladores trabalhar…! Para sair da crise a terapia é (ou era) conhecida: juros reduzidos, a liquidez e investimentos públicos ampliados para gerar empregos, e impostos encolhidos. Políticas monetaristas e keynesianas, abandonam antiga rivalidade e se entrelaçam num abraço amoroso ( de afogados?). Especialistas provavelmente chamados Milton Keynes ou  John Maynard Friedman tornam-se assessores de Barak Obama.

Mas algo não esta funcionando. Ou melhor, há algo novo nessa crise. É como se uma mutação no vírus que a provoca neutralizasse todas as terapias disponíveis, e o organismo continuasse piorando. Será que o crescimento da economia global foi tão acelerado nos últimos anos e agora, na queda, exija doses muito mais fortes destes remédios? Mas o que fazer se a taxa de juros já é praticamente zero (lá, einh!) ou mesmo negativa? Será necessário construir réplicas em tamanho natural das pirâmides egípcias (não as do tipo Madoff-Ponzi é claro) no deserto do Arizona para criar demanda efetiva? Há escassez de poupança ou a falta de financiamento resulta da ausência de confiança? A poupança global não teria se distribuído numa perigosa assimetria: negativa nos Estados Unidos e transbordando nos quase 2 trilhões de dólares das reservas chinesas?

Para retomar os investimentos as empresas deverão primeiro quebrar para depois num processo de destruição criativa schumpteriana se reerguer sobre novas bases como é o caso da indústria automobilística?

São interrogantes que talvez exijam mais tempo para serem respondidas. Mas se não forem, só nos restará dizer: 33!