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mar 28 2011

Competir para Sobreviver

Um torrão de açúcar à direita, outro à esquerda. Neuroticamente eqüidistantes de um formigueiro, para que a escolha das formigas seja absolutamente aleatória. A primeira que chegar num deles enviará mensagens. Conhecido o caminho, as demais se encarregarão de devorá-lo. Só depois se dirigirão para o outro. Com os produtos as vezes acontece o mesmo.

A escolha inicial entre dois, muito parecidos, determina o futuro de ambos: um é disputado a tapas; o outro, embora tão bom quanto, mergulha no esquecimento. Uma vantagem inicial, obra do acaso ou da intenção, pode determinar o futuro numa luta competitiva.
Mas nem sempre isso ocorre. Fatores históricos, culturais, economicos, financeiros, militares, e a pirataria… interferem no mundo da competição e as vezes o melhor produto perde. Ou melhor, nem sempre o melhor permanece na dianteira.

Mas se tiver uma vantagem inicial, várias amarras podem ser criadas tornando-o hegemônico e sua presença no mercado, avassaladora. Por exemplo, a maioria dos teclados de máquinas de escrever ( e dos computadores) conservam até hoje a seqüência QWERTY ( cinco primeiras letras à esquerda na fileira de cima) .

Instalada nas primeiras e rudimentares máquinas tinha a missão de evitar que as letras se encavalassem para aumentar a velocidade de operação. Hoje este motivo desapareceu, e embora existam alternativas melhores quem iria propor a mudança de um “hábito” que já dura há mais de cem anos? Além disso, interesses dos que detém a patente, conspiram contra uma solução mais eficiente.

A disputa Windows x Linux reflete o mesmo processo.

Mas, a vitória numa competição comercial sempre se associou com os avanços na produtividade. E esta com a inovação e a criação de novos produtos. Tudo isso desaguando e tendo início no binômio ciência e tecnologia.

Que por sua vez são rios que se nutrem nas águas da educação.

Esta é a rainha no jogo de xadrez da competição. Os outros fatores são importantes mas sem a rainha, o jogador geralmente é obrigado a derrubar o rei. Países asiáticos, como o Japão, e a Coréia, no passado e no presente mostram que a formula funciona. Hoje a China e a Índia, dragões adormecidos, começam a soltar fumaça pelo nariz.

Com imensas populações e certas faixas de mais de 100 milhões com níveis de educação formal considerável, já disputam no mercado mundial em campos tão sofisticados como os da tecnologia da informação e a produção de softwares. Ah! Já ia me esquecendo: independencia política também ajuda e muito.

Pode ser o fiel da balança. Entre os BRIC’s ( Brasil, Rússia, Índia e China), a China é o país em melhores condições para “peitar” os Estados Unidos e a União Européia. Olho nela. E o Brasil einh?

Artigo publicado na Revista RAE da EAESP-FGVSP www.rae.com.br