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out 23 2015

Feliz 2017 ou 2018?

Quem pede, recebe; quem nomeia tem preferência!”

Neném Prancha nos tempos da Lava Jato.

 

Desde 2013 o PIB era um cabra marcado para morrer. A política expansionista que prosseguiu mesmo depois de passada a onda de choque da crise  de 2008 indicava aos agentes, (leia-se investidores), que o modelo era insustentável. Em 2014 com eleições à vista a caixa de ferramentas das bondades (gastos, subsídios e pedaladas)  se escancarou  e o resultado é a profunda crise que estamos vivendo neste segundo semestre de 2015.

Talvez as coisas tenham se agravado por um pequeno, mas significativo detalhe: a presidente da República é economista. Impressionada com as teses de grandes colegas do século passado, substituiu o tripé, cambio flutuante, metas de inflação e superávit primário, por um outro, o formado por Keynes, Kalecki e Minsky. Economistas que poderíamos chamar “do lado da demanda” recomendavam que para tirar o país do fundo do poço  durante uma crise era recomendável que o governo, mesmo às custas de déficits, estimulasse a demanda efetiva com gastos, subsídios, crédito barato  etc. Mas, esta política seria transitória: não deveria durar para sempre. O erro de todos os que a aplicaram foi permanecer usufruindo de seus doces frutos eleitorais, expandindo os déficits de maneira irresponsável e aumentando o endividamento público tornando-o insustentável. É bom lembrar que dívida pública, a rigor não é dívida do governo. É dívida do público e o público somos “nosotros”. A única forma de pagá-la são as medidas (entre as quais aumento de impostos) que o novo ministro da Fazenda esta propondo. Este é o aspecto mais destruidor da política econômica do primeiro mandato da presidente Dilma: não deixa outro caminho senão este maldito ajuste fiscal. E para piorar as coisas, quanto mais colocarem empecilhos às propostas do ajuste mais a economia sangrará na pior crise econômica dos últimos 50 anos. Em síntese, não há plano B: somente há um plano A. resta saber se será com letra maiúscula ou minúscula…

No plano político as coisas também não dão margem a qualquer otimismo. Entre a presidente Dilma e o presidente da Câmara de Deputados, trava-se um combate cuja situação, na linguagem da teoria dos jogos poderíamos chamar de Equilíbrio de Nash: dois jogadores estão em posição de equilíbrio, mas a situação é desconfortável para ambos. Se abandonarem seu antagonismo e entrarem em acordo as posições de ambos poderão melhorar e ambos ganharão, num típico resultado ganha-ganha. Exemplo: os acordos de paz entre Israel e Egito (abençoados pelos Estados Unidos) desmilitarizando o Sinai fez com que ambos deixassem de dedicar imensos recursos nas fronteiras deste deserto, canalizando-os a outros fins. No caso houve uma “solução de Nash”. Entre a presidente Dilma e Eduardo Cunha, ao contrário, qualquer solução fora deste equilíbrio precário parece ser pior para ambos: para o presidente da Camara encaminhar o processo de impeachment (a única bala de sua arma) pode acelerar a perda do seu mandato pelas acusações de corrupção em curso, pois não seria mais necessário para a oposição; para a presidente da República,  sinalizar que seu partido poupará Cunha, pode levá-lo a não dar curso aos pedidos de impedimento que se multiplicam. A nenhum dos dois convém uma atitude hostil em relação ao outro. O equilíbrio entre ambos é a própria solução no curtíssimo prazo. Procrastinar, ganhar tempo, convém a ambos e empurrar os processos de cassação do mandato de um e o impedimento de outra para 2016 é o estribilho da moda que ninguém se anima a dizer em voz alta. Mas, falta combinar com o Supremo, a Polícia Federal, o Ministério Público e os delatores da Lava Jato. E, já ia me esquecendo, as manifestações nas ruas…