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jun 23 2015

Não existe almoço grátis. E janta?

O último bastião que ainda segurava a queda de prestígio do governo Dilma está desmanchando no ar com rapidez:

  • Em maio de 2015 quase 120 mil trabalhadores deixaram de ter sua carteira assinada, especialmente na indústria.

  • Em junho apenas 10% dos entrevistados consideravam o governo Dilma bom e ótimo.

A situação piorou tanto que o PT, com Lula no leme, já ensaia a retirada de um pé da canoa furada.

Isso já era esperado diante de uma política econômica cuja principal função é o ajuste da economia depois do destrambelho dos últimos quatro anos.

É lamentável, mas o desemprego contribui para por nos eixos uma das taxas – a de salários – que havia se tornado disfuncional: os salários reais aumentaram mais do que a produtividade (aumentando os custos da produção), e o excesso de demanda turbinada por facilidades na concessão de credito provocou pressões inflacionárias insustentáveis. Até o ano passado estas pressões foram em grande parte neutralizadas pelos efeitos pirotécnicos praticados com a contenção dos preços públicos como a energia, os transportes e outros. Mas, quando estes saíram da toca somando-se às pressões da demanda o teto da inflação foi rompido desta vez de dentro para fora.

Os economistas do governo federal incluindo a Presidente, que também abraçou esta área do conhecimento em seu nível universitário, sabiam que não existe almoço grátis. Mas tinham dúvidas quanto ao jantar. Agora, chamados á realidade por um ministro da Fazenda – ave portadora de distinta plumagem- percebem que a regra se aplica inclusive ao café da manhã. E o pagamento destes compromissos deixados como dívida, restos a pagar, “pedaladas” ou como se queiram chamar estão custando caro. É certo que o ajuste resultara em encolhimento do Pib em 2015 e idem, idem em 2016. Talvez tivesse sido melhor pedir a recontagem de votos e entregar o governo á oposição. Não restaria a esta fazer outra coisa que o mesmo – e talvez até com maior intensidade – ficando com o desgaste do ajuste. Em 2018 com a casa arrumada ou quase, um candidato do PT poderia voltar a vencer as eleições presidenciais. Mas, a oportunidade passou. Agora é amargar o desgaste e esperar que os alquimistas neo emplumados da fazenda inspirando-se em Issac Newton transformem chumbo em ouro.

E os salários?

A luta dos trabalhadores agora não é mais por melhores salários e benefícios, mas simplesmente por manter seus empregos. Isso resultará fatalmente numa queda do salário real. Se é ruim para o consumo e deprimente para os negócios no curto prazo pode ser bom para a volta do crescimento no médio e no longo. E a retomada pode começar pelo incremento das exportações de manufaturados cuja expansão – no nosso caso – necessita de dois empurrões: uma taxa de cambio desvalorizada – algo já conseguido em parte – e mão de obra barata. Mas a duração desta travessia pode demandar mais tempo do que seria razoável. Se 2013 e 2014 já foram anos de crescimento raquítico, e 2016 repetir o desastre que esta prometido para 2015 teremos o mais longo período de crescimento zero de nosso período republicano.