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jun 21 2017

O Tripé da governabilidade e a retomada do crescimento econômico

Todos os governos nacionais eleitos a partir de 1989 apoiaram-se no tripé: Congresso (parlamentares), Donos do Pib (Empresários) e Ruas (Povo e movimentos sociais). No passado, o tripé era constituído pelo Exército, a Marinha e a Aeronautica. Hoje, embora consultadas o protagonismo das Forças Armadas é reduzido, e fato relevante: conhecemos mais os nomes dos ministros (as) do Supremo do que o dos comandantes das três armas.

As forças que compõem o tripé atual se interinfluenciam, e são indispensáveis para dar estabilidade a um governo. Um governante pode perder o apoio de uma delas. Mas não de duas; muito menos das três. Collor e Dilma se encaixam neste ultimo figurino e caíram. Temer se apoiava nas duas primeiras. Os Donos do Pib o sustentavam na medida em que suas habilidades de articulador no Congresso o credenciavam para conseguir aprovar reformas indispensáveis à estabilização sem onerar as empresas com novos e velhos tributos e jogando sobre os ombros da população, especialmente a mais pobre, o ônus desta estabilização.

Aos trancos e barrancos o governo conseguia vitórias no Congresso e as perspectivas de aprovação de mudanças nas relações trabalhistas e na previdência eram promissoras; a caixa de ferramentas de bondades para governadores e parlamentares foi aberta e Temer um profissional do Congresso a manejava com relativo sucesso. De quebra beneficiava empresários devedores de tributos com generoso Refis.

Mas, uma delação com hora extra de uma dupla sertaneja feriu o coração do governo. O Presidente começou a sangrar e perdeu grande parte de sua capacidade de costurar apoios no Congresso para aprovação das reformas. Passou a lutar pela própria sobrevivência e deixou de ser útil aos Donos do Pib; se a agonia durar muito poderá tornar-se um grande estorvo. Os empresários tentam abrir um dialogo direto com o Congresso para a aprovação das reformas. Anúncios de pagina inteira nos principais jornais do país custeados por importantes entidades empresariais clamam pelas mudanças mas silenciam sobre o presidente. Querem uma solução rápida. A área econômica age como se nada tivesse acontecido, mas os votos alinhavados para a aprovação das reformas agora tornaram-se incertos.

Sem a equação das contas públicas, leia-se redução do déficit e estancamento do crescimento da dívida, não haverá retorno decidido dos investimentos. E, especialmente a reforma da previdência (a mais difícil) é aguardada pelos empresários como um ponto de inflexão. Para este segmento, cujo comportamento é decisivo para a volta do crescimento torna-se indispensável resolver o problema antes da abertura da temporada de caça aos votos nas eleições presidenciais de 2018. O medo é que as decisões sobre as reformas se arrastem para o ano entrante. Em outras palavras, ou as reformas saem agora, mesmo que atenuadas em função do enfraquecimento da base governista, ou os candidatos que eventualmente as defenderem serão derrotados nas urnas. A agonia que a recessão tem nos causado poderá se prolongar por tempo difícil de estimar e como todos sabemos tempo é um recurso natural não renovável.