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mar 01 2007

Varejo: Ganhos e Perdas

Produção, consumo, ou consumo, produção? Bem dá no mesmo. Ou quase. Se para consumir é preciso antes produzir , a produção também requer o consumo de fatores: mão de obra, materias primas etc. É o chamado consumo produtivo. Mas estamos falando do consumo final, momento no qual o produto desaparece no estomago ou na fantasia de quem o adquiriu.

Numa economia de mercado (numa tribo é diferente, ou pelo menos era…) esta passagem ocorre através de atos de compra e venda e o dinheiro está aí para facilitar as coisas.

Ou, as vezes, para dificultar quando prima pela ausência. A esta etapa se dá o nome de varejo. Quanto mais eficaz a passagem do produto ao consumidor final, isto é, quanto menos esforço uma sociedade necessitar para esta metamorfose, maior será seu bem estar. Nos últimos tempos imensos avanços foram realizados no setor: novos layouts das lojas, ousadas embalagens, logística primorosa e principalmente a revolução da informática.

Apesar destes avanços, permanece a pergunta intrigante: o simples ato de comprar e vender agrega valor a um produto? À primeira vista não: na prateleira do super-mercado ou nas mãos do consumidor o produto é o mesmo. Ainda que antes seja valor de troca e em seguida valor de uso.

Mas olhando o processo como um todo as coisas mudam. Se considerarmos o tempo necessário para que o produto acabado passe às mãos do consumidor final, a resposta pode ser diferente. Quanto menor for, maior será o giro do capital. Um mesmo capital de giro realizará um maior valor de vendas.

O lucro das empresas envolvidas tenderá a ser maior. E frente a custos menores ( se houver concorrência sadia) este aumento de “produtividade” – ou parte – poderia ser repassado aos consumidores finais. Uma questão no entanto conspira contra a redução deste tempo nas grandes cidades: o caos do seu crescimento e a dupla transporte-trânsito cada vez mais complicada e custosa.

A generalização do “just in time”, também na esfera da circulação, faz com que os estoques tendam a se transformar em fluxos. As prateleiras enchem e esvaziam continuamente, e os estoques de muitos pontos de venda estão “permanentemente na rua”.

Ora, o trânsito já emperrado tende a piorar e acaba sendo o verdugo de todos nós. Os custos de ressuprimento aumentam e dois fenomenos perturbadores entram no nosso cotidiano: motoboys e helicópteros.

É possível que parte dos ganhos que o varejo vem obtendo ultimamente na logística, no marketing, na administração de pessoas, no lay-out das lojas, e no controle de estoques se perca no torvelinho destas deseconomias externas.

Artigo publicado na Revista RAE da EAESP-FGVSP www.rae.com.br

1 comentário

  1. paulo sandroni

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